Por: Roberto Gallo, CEO da Kryptus

O Brasil possui um histórico de relevância na criação de tecnologia de defesa. Viemos de um período de grande investimento estratégico, nas décadas de 1960 e 1970, em que o Estado buscou maximizar o desenvolvimento de uma indústria nacional. Um bom exemplo da nossa expertise é o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) da Força Aérea. 

Hoje temos uma base exportadora e competitiva, mas que encontra dificuldade de acesso a instrumentos financeiros que possam fortalecer ainda mais o setor, multiplicando o emprego e elevando o PIB.

A cibernética e a criptografia são áreas em que o Brasil começa a despontar dentro dessa indústria, aproveitando-se, fundamentalmente, da sua posição de neutralidade estratégica. Há receio dos países em importar tecnologia de segurança cibernética e de inteligência, principalmente pelo risco de backdoor. Por ser um ator fora do eixo OTAN-China-Rússia, o Brasil passou a ser visto como um vendedor confiável para o mundo.

A realidade, no entanto, quando falamos de investimento em segurança cibernética, é que o Brasil ainda está bastante defasado. Aquisições para o setor de Defesa em 2021 foram de R$ 110 bilhões, aproximadamente 1,3% do PIB. Desse montante, cerca de R$ 10 bilhões foram destinados a investimentos, dos quais menos de 1% foi aplicado em cibernética. É muito pouco, se pensarmos nas ameaças invisíveis que podem afetar a economia, a infraestrutura crítica e as telecomunicações do país.

Um estudo da ABIMDE¹ (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) mostra que para cada R$ 1 gasto no setor (embarcando todas as áreas) há um retorno de mais de R$ 9 – quase dez vezes a quantia aplicada. Obviamente, isso acontece porque quando a indústria produz, cria-se um valor agregado. Além daquele real que foi investido estar carregado de tributos, há também o desenvolvimento de novas tecnologias que poderão ser exportadas, gerando divisas para o país. Não é coincidência países que desfrutam de bom desempenho econômico possuírem indústrias de defesa robustas.

No que tange à cibernética, o investimento nacional claramente precisa expandir, porque é uma área estratégica onde, num contexto de ciberguerra, ciberterrorismo e ameaças análogas, o real aplicado gera capacidade de resposta maior do que outras áreas da Defesa. Qualquer míssil custa facilmente 1 milhão de dólares – esse mesmo valor em cibernética faz muita coisa. Um milhão de dólares em cibernética causa mais estrago do que um míssil.

1   Cadeia de Valor e Importância Socioeconômica do Complexo de Defesa e Segurança no Brasil (ABIMDE/FIPE, 2015)

VOCÊ PODE GOSTAR:
Visitantes do Pavilhão Brasil na Milipol Paris
Visitantes do Pavilhão Brasil na Milipol Paris conhecem inovações em proteção pessoal, segurança cibernética, munições e armas

Visitantes do Pavilhão Brasil na Milipol Paris conhecem inovações em proteção pessoal, segurança cibernética, munições Leia mais

Tecnocomp fecha parceria com Kryptus para reforçar oferta em segurança da informação
Tecnocomp

Acompanhe a Kryptus no Google Notícias    Por: Allan Costa A Tecnocomp, uma das maiores Leia mais