Por Roberto Gallo, cientista-chefe e CEO da Kryptus e presidente da ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança)

 Antes mesmo de a pandemia causada pelo novo coronavírus sacudir o mundo, o mercado de segurança cibernética já previa um cenário promissor para 2020. Segundo a IDC Brasil, no começo do ano, o segmento esperava atingir quase US$ 4 bilhões na América Latina, um aumento de 12% frente a 2019.

A aposta se baseava principalmente no cenário efervescente de transformação digital, que já naquele momento assistia a um grande volume de migração de empresas para o ambiente de nuvem, ao mesmo tempo em que a sociedade dava um passo sem volta em direção à mobilidade e às transações financeiras por meio de dispositivos eletrônicos.

Para além desse movimento do mercado, em 5 de fevereiro, o Governo Federal aprovou a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber), recomendando a adoção de soluções nacionais de criptografia para fortalecer as ações de governança cibernética no país. A medida soou quase como uma premonição, diante da revelação, dias depois, de que os serviços de inteligência norte-americanos e alemão utilizaram equipamentos de criptografia manipulados de uma empresa de origem sueca para espionar outros países.

Na esteira desses acontecimentos, a Covid-19, uma crise de saúde sem precedentes na história recente, empurrou colaboradores de todo o mundo para o home-office, ao mesmo tempo em que obrigou empresas dos mais variados segmentos e portes a migrar suas infraestruturas para a nuvem. Tudo da noite para o dia.

Essa transformação radical, com pouco ou quase nada de planejamento prévio, trouxe consigo vulnerabilidades em todas as dimensões, e a busca por serviços de segurança da informação registrou um salto, batendo recordes. E não foi por acaso. Levantamento do setor apontou que mais de 3,4 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos foram registrados no Brasil, somente de janeiro a setembro.

Nem mesmo instituições como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Ministério da Saúde passaram incólumes às ameaças digitais – a primeira sofreu uma invasão hacker que causou transtornos e paralisou os trabalhos da Corte, a segunda apresentou falhas de segurança que resultaram na exposição de dados pessoais de mais de 200 milhões de brasileiros pelo período de seis meses.

A disseminação de fake news relacionadas à pandemia em redes sociais e grupos de mensagens, muitas delas associadas a golpes virtuais, também impulsionou a demanda por soluções, serviços e especialistas em cibersegurança no período.

O ano de 2020 testemunhou ainda a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), acelerando a necessidade de adequação às regras de coleta, uso, armazenamento e compartilhamento de dados, pouco antes do início da operação do sistema de pagamento instantâneo, o PIX.

Frente a esses novos desafios, o mercado respondeu com a criação de modalidades de criptografia como serviço em nuvem (CaaS), alternativas acessíveis e de alto desempenho e segurança para operações criptográficas das pequenas e médias instituições de pagamento e negócios digitais em expansão.

Tantos avanços e desafios em um ano atípico como 2020 reforçaram a obrigatoriedade de investimentos em segurança cibernética, sendo criptografia a palavra-chave. E, se ainda restou alguma dúvida sobre essa necessidade, as perspectivas para 2021 apontam para a chegada de mais elementos que vão confirmar a urgência da proteção de informações sensíveis. O Open Banking, a tecnologia 5G e novas ameaças relacionadas à Internet das Coisas (IoT) tendem a seguir movimentando e impulsionando o mercado no próximo ano.

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